Para entendermos melhor as Ordens do Amor, Bert Hellinger traz a clareza de 3 níveis de consciência que pertencem ao nosso Ser.

É a Consciência Individual, a Coletiva e a Ampla.

“Todo destino está a serviço da vida. Está a serviço do destino coletivo. Está guiado por algo maior, está guiado pelo amor.” Bert Hellinger

Durante uma constelação conseguimos perceber essas diferenças quando temos a clareza de cada uma dessas consciências.

Enquanto estamos no processo de conflito não conseguimos ver onde está a identificação do problema e seu nível de consciência. E tentamos resolver tudo pela consciência mais consciente, aquela que temos mais clareza do aqui e agora.

Então, é importante para o terapeuta e também o cliente ter a clareza desses níveis e como eles atuam em cada um de nós.

Diante disso, vamos agora aprender um pouco mais sobre cada uma dessas consciências.

Consciência Individual

Dos três níveis de consciência, a consciência individual é a que está localizada no nível mais consciente da consciência, a noção do aqui e agora. Ela nos dá a sensação de estar fazendo algo bom ou ruim, de acordo com aquilo que aprendemos com o nosso sistema familiar.

Por exemplo, imagine que no seu sistema familiar você aprendeu a tomar café com leite todos os dias e isso é uma “verdade” dentro da sua família, portanto, pra você também. E você cresce com esse costume tão natural e de repente, você se vê num trabalho, onde o lanche é servido sem o leite e você fica com vergonha de levar o leite todos os dias numa garrafinha para misturar ao café. Qual é a sua sensação? De imediato, você não se lembra que isso é uma lealdade a sua família, mas sente que não há naquele ambiente algo que leve você a uma memória afetiva, aquilo que liga você a sua família de origem.

E quando você fica sem essa informação, seu cérebro entende que está fazendo algo “errado” e assim, você se sente excluída de alguma maneira.

Então, a sensação de estar fazendo algo diferente do que aprendeu, nos remete a um estado de exclusão.

Portanto, se me sinto com uma boa consciência, significa que sigo tudo aquilo que aprendi com a minha família. Mas se estou com uma má consciência, me  sinto culpado por não estar correspondendo aos aprendizados do meu sistema familiar.

Consciência Coletiva

A Consciência Coletiva está no nível mais profundo que a Individual.

Aqui percebemos que participamos de vários sistemas distintos: família de origem, escola, trabalho, amigos, relacionamento afetivo, etc. E é nessa consciência que entramos nos conflitos com outras pessoas ou situações.

Aprendemos aqui que cada pessoa tem sua Consciência Individual e  traz a sua verdade, de acordo com o que aprendeu no seu primeiro sistema, o da família. E quando se encontra com “outras verdades”, nem sempre é fácil lidar com aquilo que o outro traz na bagagem.

Encontrar-se com a verdade interna de cada um é um dos nossos desafios nas relações que participamos, porque é possível ver o outro com tudo aquilo que ele tem e mostrar-lhe o que temos também como nossa verdade interna.

O julgamento dos outros

Voltando ao exemplo anterior sobre tomar café com leite e não ter o leite no ambiente de trabalho, é possível que essa pessoa fique guardando o desejo e não consiga expressá-lo ou então, percebe que há julgamentos de alguém dentro do ambiente de trabalho sobre tomar café com leite e ao longo do tempo, desenvolva uma depressão ou algum desequilíbrio no sistema digestivo.

Mas ela não sabe na consciência  que esse sintoma está ligado a uma falta de harmonia dela em relação ao sistema familiar e ao  ambiente de trabalho.

Então, ela vai fazer uma constelação e lá percebe que o sintoma era algo que ela levou pro nível mais profundo porque não conseguiu se expor diante do ambiente de trabalho, levando sua garrafa com leite para ser misturado ao café. Ou então, aprender a tomar café puro enquanto está no trabalho e tomar sua mistura em casa.

O terapeuta então, traz o cliente para essa clareza de que não necessita mais ficar doente por não conseguir se expressar de uma maneira mais assertiva.

Consciência Ampla ou Espiritual

Imagine um círculo bem grande…

Ele representa a Consciência Ampla.

E dentro desse círculo há um outro, o da Consciência Coletiva.

Agora dentro desta consciência, tem um outro círculo, o da Consciência Individual.

A Consciência Ampla envolve as outras Consciências e traz a informação do TODO. Somos parte do TODO. Aqui já não há julgamentos e participamos juntos de um nível mais espiritual (não religioso).

O maior objetivo dentro de uma constelação sistêmica é alcançar esse nível de consciência. É conseguir levar o cliente a ter um novo olhar sobre o mesmo assunto e não querer mudar o que já aconteceu e sim, concordar com o que foi e com os recursos utilizados.  

E quando chegamos a esse estado, conseguimos respeitar e concordar com o destino do outro com mais sabedoria.

Como funciona a Consciência Ampla

Para exemplificar essa consciência, trago aqui o evento ocorrido nessa semana na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Por conta do volume intenso de chuva, várias casas foram atingidas por uma grande avalanche, deixando mais ou menos 200 pessoas mortas e várias desabrigadas. Um verdadeiro caos, deixando parte da  cidade de Petrópolis sem água e luz.

E o que pensamos disso? Culpa do governo que não investe recursos para conter as encostas? Pessoas construíram em lugares com risco de desabamento?

Essas e outras tantas perguntas fazem parte do nosso contexto cultural do julgamento. Mas sem retirar a responsabilidade das autoridades, façamos uma reflexão a nível sistêmico neste instante.

Estamos passando por um período de mortes coletivas e ainda não entendemos na consciência o motivo dessas tragédias mas dentro de uma Consciência Maior, essas pessoas estão ligadas por uma vibração energética onde estão a serviço de querer mudar/ curar algo dentro do sistema e não trazem a clareza de que não precisam pagar com a própria vida. Mas elas seguem naquele amor inocente, aquele que vimos nas Ordens do Amor. E assim, pagam um preço alto, com a vida.

E qual é a nossa postura dentro da Consciência Ampla em relação a esse exemplo?

Saber que há uma responsabilidade do governo para criar métodos de prevenção e evitar novas tragédias.  E também, fazermos uma reverência a todas essas pessoas que não alcançaram recursos para mudar essa possibilidade.

É conseguir incluir no coração a dor e o destino de cada um envolvido nessa tragédia.

Assim alcançamos a Consciência Ampla, aquela que nos liga aos outros de uma maneira muito mais respeitosa e amorosa.

Elaine Assis
Consteladora Sistêmica